Startups são por natureza negócios de alto risco. Uma pesquisa publicada pela Fundação Dom Cabral estima que ao menos 75% das startups brasileiras estão fadadas a não serem bem sucedidas.
Para aumentar as chances de sucesso, é importante identificar os principais fatores que levam à morte precoce de startups, para saber como contorná-los.
Segundo a pesquisa da Dom Cabral, algumas das principais causas para a descontinuidade das startups são:
- falta de comprometimento em tempo integral dos(das) fundadores(as) com a startup;
- não alinhamento dos interesses pessoais e/ou profissionais dos(as) fundadores(as);
- falta de capital para investir no negócio;
- desentendimento entre fundadores ou entre fundadores e investidores;
- não aceitação da solução pelo mercado e incapacidade de adaptação da startup às necessidades/mudanças do mercado.
Além dessas, outras razões normalmente mencionadas são:
- falta de mercado/demanda;
- time incompleto;
- disputa com concorrentes tradicionais;
- dificuldade de precificação adequada;
- governança não consolidada;
- conflitos com clientes;
- falta de proteção da propriedade intelectual.
Muitas das questões citadas acima estão diretamente relacionadas com um bom planejamento nas fases iniciais.
Por isso, é fundamental dedicar o tempo necessário para as fases de ideação e validação da startup, buscando entender o mercado no qual ela está inserida e identificar uma dor verdadeira do público-alvo para ser atacada, evitando criar uma solução que não tenha boa aceitação.
Da mesma forma, é crucial aproveitar a fase de validação do MVP (produto mínimo viável) para lapidar a solução e eventualmente fazer o pivot para melhor adequação do produto/serviço.
Além disso, é muito importante formar um time de fundadores(as) que possua habilidades complementares, garantindo que ao menos as competências mais relevantes para o desenvolvimento da startup estejam preenchidas por pessoas preparadas e empenhadas no sucesso do negócio.
Pensando do ponto de vista jurídico, mencionamos a seguir algumas soluções que ajudam a evitar parte dos problemas mencionados acima.
Antes de mais nada, é essencial ter bem alinhado entre os(as) fundadores(as) as obrigações que serão assumidas por cada um(a), as suas expectativas com a startup e um plano de negócios a curto e médio prazo.
Antes de a startup estar formalmente constituída, essas informações podem ser previstas em um primeiro documento que é comumente chamado de carta de intenções, protocolo de intenções ou memorando de entendimentos.
Após a startup ser constituída, é importante preocupar-se com a celebração de um acordo de sócios, para regular a relação entre fundadores(as) e alinhar expectativas.
De igual maneira, é imprescindível que ao buscar investimentos os(as) fundadores(as) se preocupem em ter contratos bem redigidos com os(as) investidores(as) da startup e entender as obrigações que estão assumindo, para reduzir as chances de desentendimentos e facilitar a busca por soluções se eles acontecerem.
Tratando da relação com clientes e fornecedores, é necessário ter contratos que protejam os direitos da startup e sejam moldados para solucionar as dores do dia a dia da startup.
Vale mencionar ainda a importância de, desde o início, preocupar-se em proteger a propriedade intelectual da startup. Isso é feito tanto pelo pedido de registro nos órgãos competentes, como pela criação de cláusulas contratuais que resguardem as propriedades intelectuais das startups em relação a seus colaboradores, fornecedores e clientes.
Essas são apenas algumas das questões jurídicas relevantes. Todas elas estão diretamente relacionadas à necessidade de as startups (assim como qualquer empresa) terem uma boa governança corporativa.
Como são muitos pontos a serem observados, é importante saber definir prioridades, para evitar gerar gastos iniciais com questões que podem ser resolvidas em um momento seguinte e acabar deixando de lado questões que devem ser solucionadas de início.
Para tanto, é importante ter ao lado pessoas com experiência para ajudarem a indicar o “caminho das pedras”. Esse conselho serve tanto para a formação do time de fundadores(as), como de advisors e jurídico.
É importante lembrar que, por mais enxuta que seja a estrutura inicial, as chances de a startup ser bem-sucedida aumentam muito ao identificar e endereçar corretamente os pontos mais críticos do negócio em suas fases iniciais.