Contratos, Societário, Startups 27 de abril de 2021

Como aumentar as chances de sucesso da sua startup

Startups são por natureza negócios de alto risco. Uma pesquisa publicada pela Fundação Dom Cabral estima que ao menos 75% das startups brasileiras estão fadadas a não serem bem sucedidas.

Para aumentar as chances de sucesso, é importante identificar os principais fatores que levam à morte precoce de startups, para saber como contorná-los.

Segundo a pesquisa da Dom Cabral, algumas das principais causas para a descontinuidade das startups são:

  • falta de comprometimento em tempo integral dos(das) fundadores(as) com a startup;
  • não alinhamento dos interesses pessoais e/ou profissionais dos(as) fundadores(as);
  • falta de capital para investir no negócio;
  • desentendimento entre fundadores ou entre fundadores e investidores;
  • não aceitação da solução pelo mercado e incapacidade de adaptação da startup às necessidades/mudanças do mercado.

Além dessas, outras razões normalmente mencionadas são:

  • falta de mercado/demanda;
  • time incompleto;
  • disputa com concorrentes tradicionais;
  • dificuldade de precificação adequada;
  • governança não consolidada;
  • conflitos com clientes;
  • falta de proteção da propriedade intelectual.

Muitas das questões citadas acima estão diretamente relacionadas com um bom planejamento nas fases iniciais.

Por isso, é fundamental dedicar o tempo necessário para as fases de ideação e validação da startup, buscando entender o mercado no qual ela está inserida e identificar uma dor verdadeira do público-alvo para ser atacada, evitando criar uma solução que não tenha boa aceitação.

Da mesma forma, é crucial aproveitar a fase de validação do MVP (produto mínimo viável) para lapidar a solução e eventualmente fazer o pivot para melhor adequação do produto/serviço.

Além disso, é muito importante formar um time de fundadores(as) que possua habilidades complementares, garantindo que ao menos as competências mais relevantes para o desenvolvimento da startup estejam preenchidas por pessoas preparadas e empenhadas no sucesso do negócio.

Pensando do ponto de vista jurídico, mencionamos a seguir algumas soluções que ajudam a evitar parte dos problemas mencionados acima.

Antes de mais nada, é essencial ter bem alinhado entre os(as) fundadores(as) as obrigações que serão assumidas por cada um(a), as suas expectativas com a startup e um plano de negócios a curto e médio prazo.

Antes de a startup estar formalmente constituída, essas informações podem ser previstas em um primeiro documento que é comumente chamado de carta de intenções, protocolo de intenções ou memorando de entendimentos.

Após a startup ser constituída, é importante preocupar-se com a celebração de um acordo de sócios, para regular a relação entre fundadores(as) e alinhar expectativas.

De igual maneira, é imprescindível que ao buscar investimentos os(as) fundadores(as) se preocupem em ter contratos bem redigidos com os(as) investidores(as) da startup e entender as obrigações que estão assumindo, para reduzir as chances de desentendimentos e facilitar a busca por soluções se eles acontecerem.

Tratando da relação com clientes e fornecedores, é necessário ter contratos que protejam os direitos da startup e sejam moldados para solucionar as dores do dia a dia da startup.

Vale mencionar ainda a importância de, desde o início, preocupar-se em proteger a propriedade intelectual da startup. Isso é feito tanto pelo pedido de registro nos órgãos competentes, como pela criação de cláusulas contratuais que resguardem as propriedades intelectuais das startups em relação a seus colaboradores, fornecedores e clientes.

Essas são apenas algumas das questões jurídicas relevantes. Todas elas estão diretamente relacionadas à necessidade de as startups (assim como qualquer empresa) terem uma boa governança corporativa.

Como são muitos pontos a serem observados, é importante saber definir prioridades, para evitar gerar gastos iniciais com questões que podem ser resolvidas em um momento seguinte e acabar deixando de lado questões que devem ser solucionadas de início.

Para tanto, é importante ter ao lado pessoas com experiência para ajudarem a indicar o “caminho das pedras”. Esse conselho serve tanto para a formação do time de fundadores(as), como de advisors e jurídico.

É importante lembrar que, por mais enxuta que seja a estrutura inicial, as chances de a startup ser bem-sucedida aumentam muito ao identificar e endereçar corretamente os pontos mais críticos do negócio em suas fases iniciais.

Desta forma, com um bom planejamento é possível atender às necessidades iniciais mais críticas da startup, sem negligenciar pontos fundamentais que podem levar à morte precoce de negócios promissores. O investimento inicial nessa estruturação é sempre infinitamente menor do que o gasto necessário para consertar esses equívocos no futuro.

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